meio-baluarte da gamboa: um ensaio sobre a preservação do património

Nos últimos tempos vários bloggers têm chamado a atenção do colapso de alguns blocos do Meio-Baluarte da Gambôa, como Carlos Tiago e Francisco Germano Vieira.

A autarquia está a tentar arranjar forma de resolver este problema, no entanto eu não gosto muito da mentalidade vigente, suponho que não só em Peniche, em relação à preservação do património. Para já, sossegue quem pense que está em risco uma maravilha da antiguidade: o pano de muralha que está a ruir data em grande parte de uma criteriosa intervenção que foi feita em 1978 e da qual deixo algumas fotos:



Um monumento que sofreu uma intervenção de fundo há 35 anos não devia estar no estado em que está.
Eu percebo que com a possibilidade de concorrer a fundos europeus as autarquias possam ter o seu orçamento um pouco aliviado, mas creio que chegámos a um exagero. Se logo que o primeiro bloco caísse a câmara lá tivesse metido outro ou até preenchido o buraco com cimento, hoje a situação era muito diferente. Os arqueólogos podem-me dar na cabeça, mas parece-me preferível fazerem-se obras precárias de emergência do que ficar à espera de financiamento externo enquanto vai tudo abaixo.

Pode-se alegar que por ser monumento classificado a autarquia não pode mexer sem consentimento superior, mas ninguém se lembrou disto por exemplo ao fazer bancos em cima do Entricheiramento de São Miguel (e se recuarmos no tempo, fizeram-se verdadeiros crimes contra os monumentos militares de Peniche). Sem querer ser demagógico, lembro que meio convento foi para o ar do dia para a noite quando se fez o Continente, pelo que argumentar com o respeito pela integridade do património não me convence muito.

A minha posição pode ser considerada pouco rigorosa, mas acho que o nosso património devia estar em constante manutenção - neste caso, cai pedra, põe-se outra. Senão um dia quando chegar o dinheiro já não há nada para arranjar. Sem querer estar sempre a bater na mesma tecla, veja-se o Forte da Luz...

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