algarve exportador limitada


Há uns tempos fiz um post sobre a Companhia Portuguesa de Congelação, e agora vou deixar aqui um do mesmo género sobre a fábrica do Algarve Exportador Limitada em Peniche de Cima. Podemos ver a fachada desta fábrica nesta fotografia de Hugo Cerqueira tirada pouco antes da sua demolição:


Muito havia a dizer sobre a influência que a indústria conserveira em Peniche teve nos fluxos migratórios e desenvolvimento económico que Peniche viveu no decorrer do século XX, mas não serei a pessoa certa para fazer esse trabalho. Vou-me limitar a fazer uma pequena análise da evolução urbanística do local onde existiu a fábrica.

Até à instalação da fábrica em 1920, a zona era constituída por campos agrícolas (como referências temos a Igreja da Ajuda marcada com 14 e a Capela do Calvário com 15) :


Em 1938 (antes de uma remodelação segundo os planos de António Varela) esta era a planta da fábrica na resolução possível:


O mais importante é percebermos como a fábrica estava relativamente isolada da população, mas já tinha ajudado a definir em parte o que é hoje o Largo do Pocinho.

A empresa foi à falência na década de 80, sendo esta foto de uma década depois:


Através dela podemos perceber qual era a dimensão dos diferentes edifícios da fábrica. A zona mais a oeste no entanto já não tinha telhado nesta altura.

Por fim chegamos aos tempos atuais, em que o grosso da fábrica foi demolido, sendo visíveis as marcas das construções:


Feita esta análise mais aérea, vamos aterrar e percorrer a zona:


Esta delimitação em frente das antigas casas dos operários no Largo do Pocinho é estranhada por João Avelar, que invoca o primeiro mapa que coloquei para defender que esta zona é do domínio público. Já Francisco Germano Vieira diz desconhecer onde pára o Pocinho em si.

A fábrica já foi demolida, mas algumas das suas paredes exteriores ainda existem e são uma constante por todo o espaço:






Nesta última foto podemos ver que os quintais das moradias aproveitaram as paredes da fábrica. É um fenómeno engraçado que costuma acontecer com as muralhas medievais (e aconteceu em Peniche com as muralhas orientais, mas em bom tempo as construções foram eliminadas).


A chaminé, cuja preservação se deve ao zelo do executivo camarário da altura, é o vestígio mais flagrante da antiga fábrica, e um ótimo exemplo de que a preservação do património não tem de comprometer totalmente os novos usos que o espaço venha a ter. 

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