um monstro chamado Portugal


Eu já estou há muito mentalizado de que vou trabalhar no estrangeiro assim que acabar o curso. Francamente, vejo-o mais como um desafio aliciante do que uma dificuldade.
Quem perde é Portugal. Outro país vai lucrar com o meu conhecimento e melhor ainda, com o meu dinheiro.
Mas não sou só eu que me vou embora. Vamos muitos de nós. Muitos dos que não são menores, reformados ou inválidos. Esses ficam para trás. Quem os vai sustentar não faço a mínima ideia.

Eu fico triste porque depois do atual esforço coletivo o que vai sobrar é um país abandonado.
Abandonado por mim, que como engenheiro não encontro aqui saída para a minha área, ou se encontrasse era a pagarem-me muito menos do que pagam a um técnico especializado noutro país, abandonado pela população ativa, que não encontra trabalho, abandonado pelos empresários que vêem nisto um país que conjuga o pior da China com o pior dos Estados Unidos - reduzido poder de compra e elevados custos de produção.

É imperativo atrair investimento estrangeiro. Baixar os impostos aos que contribuem para o aumento do PIB. E baixar os custos de produção.O que implica baixar o salário mínimo. Isto se queremos que haja dinheiro a ser gerado em Portugal. Coisa que agora não há.
Sim, assumo que isto é um programa liberal. Mas é muito diferente das medidas supostamente liberais que o governo está a aplicar.

Temos um governo que está somente a resolver um problema a curto prazo: o défice elevado. O corte na despesa não lhe interessa, tal como obviamente não interessa a nenhum partido político.
Imagine-se que o primeiro-ministro extinguia uma série de institutos e fundações e mandava para a rua os seus dirigentes, pertencentes aos partidos da coligação. Perderia toda a força política no PSD e provavelmente o grupo parlamentar do PSD reprovaria as medidas do governo, que ficaria com os dias mais que contados.

O governo não está a mexer nas fundações do estado atual. Vai deixar o país no mesmo estado em que o encontrou e deixar todas as disfuncionalidades (institutos desnecessários e onerosos, convivência subversiva com o privado, economia pouco competitiva) para a minha geração resolver.
Ou pelo menos para aqueles que não se pirarem daqui o mais rápido possível como eu.

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