disparidades

Vamos entrar num centro comercial na Rua da Sofia em Coimbra.
 
 
Nada nos chama especialmente a atenção neste pequeno centro comercial urbano...

 
...até que ao virar de uma esquina...

 
...somos surpreendidos por este teto de lages detalhadamente esculpidas.
 
Depois de alguma pesquisa, fico a saber que o edifício onde hoje se ergue o centro comercial era a igreja do Convento de São Domingos, cuja construção começou em 1540. Os trabalhos escultóricos foram iniciados em 1553 e são da autoria de João de Ruão. O centro comercial foi instalado em 1981 e optou-se por ser preservada a capela da foto, onde foi instalado um café (agora fechado).
 
Isto não é o que, pelo menos na nossa zona, costuma acontecer.
Normalmente as autarquias ou administração central cedem aos interesses dos privados e destroem tudo a eito. Quando a população mostra interesse na preservação do património, congela-se a obra e espera-se que a memória das pessoas desvaneça para deitar abaixo sem levantar muitas ondas.
 
Neste centro comercial, situado numa rua que tem mais monumentos por metro quadrado que outra qualquer, decidiu-se preservar este espaço, que comparado com edifícios vizinhos, nem é nada de por aí além. Isso não impediu o progresso da cidade, só a valorizou.
Eu não tenho conhecimento de como decorreu o processo de recuperação deste imóvel, mas o que aconteceu foi um ótimo compromisso entre a rentabilização de um espaço e a preservação do património. E saiu toda a gente a ganhar.
 
Passemos para Peniche.
Há inúmeros (maus) exemplos da relação entre o progresso e o património da cidade.
Vou buscar um do qual falei no blog há pouco tempo.
 
Os muros do Forte da Luz estão a precipitar-se para o chão sem que ninguém faça nada.
Um exemplo do laxismo da autarquia e munícipes nesta matéria pode ser comprovado nos comentários ao último post onde abordei este assunto.
Numa terra em que no que toca à destruição de património os atropelos à lei e ao plano diretor municipal são constantes, alguém se lembrou de que a lei existe.
Mas foi buscar a lei para quê? Exatamente para justificar a inércia e o ociosismo que prevalecem quando surge necessidade de proteger os monumentos da cidade.
É a completa perversão dos príncipios que nos devem reger.
Até porque eu assumi a minha ignorância e perguntei: ok, então como podemos dar a volta à situação?
E aí já não obtive resposta.
 
 
 
O pessimista encontra sempre uma desculpa, o optimista descobre sempre uma saída.
 

1 comentário:

  1. Além de patrimônio histórico que é iimportante também existem pessoas comércio familiar algo raro hoje .porque será que existe já pensou será que o que observa e isso
    mesmo .
    quando exprimir a sua opinião informe-se bem

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