A última vez que encontrei o Professor Seara foi há uns meses, altura em que me esteve a contar a investigação que estava na altura a fazer sobre a vida de Jacob Rodrigues Pereira. Eu aproveitei para lhe perguntar se lhe podia fazer uma entrevista, que entretanto comecei a preparar, mas nunca cheguei a fazer.
Apesar da pena que tenho em nunca ter feito esse trabalho, fico feliz em ter conhecido este senhor muito maior do que o seu jornal e a sua terra lhe permitiam ser.

as construções menos oportunas da cidade

Peniche é uma terra com muito potencial turístico, que não é explorado ao máximo. Parte da culpa têm os erros urbanísticos que foram sendo cometidos ao longo do tempo e destruíram significativamente a beleza da cidade. Esta lista pretende portanto dar a conhecer as construções que mais contribuíram para a cidade ser mais feia e causar pior impressão nos turistas.

Edifício Berlenga


Este clássico mamarracho é a primeira entrada nesta lista. Não faz nenhum sentido haver um prédio tão alto.

Edifício Verde Mar


Uma desgraça do mesmo género que a anterior.

Prédio da União dos Bancos


Já falei muita vez dele mas vale sempre a referir as linhas verticais, a cota elevada, enfim, nada a ver com a Avenida do Mar.

Prédios no centro

Há dias um colega meu que tinha visitado Peniche dizia-me como a minha terra era mesmo feia.
Esta má imagem fica na cabeça dos visitantes porque nos anos 80 e 90 o centro da cidade foi estragado por prédios que além de feios têm uma cota ridiculamente alta que não tem nada a ver com o perfil das outras construções.
Esta moda parece já ter acabado mas a cidade ainda vai por muitos anos sofrer as consequências.






Pavilhões da prisão política


Estão no meio do nosso monumento mais visitado e são feios que doem.
Eu percebo que pela sua cor política seja um tema sensível para este executivo, mas que um dia alguém faça alguma coisa quanto a isto. Quanto mais bulldozers meter, melhor.

Capitania / Segurança social


Uma estupidez completa construir em cima da muralha. É uma das entradas rodoviárias em Peniche e tem um ar de desprezo pelo património nada encantador.

Restaurante Nau dos Corvos


Passámos a ter a vista tapada num lugar que era das nossas melhores mais valias.

Clube Naval


A cota não é alta, o local também não é delicado. Se tapa a panorâmica que era a principal atração da zona mais frequentada da cidade? Sim, mas não é relevante.
Se quem gere o planeamento urbano apenas decide pela cota e área de construção então metemos uns computadores a fazer o trabalho e poupamos uns trocos. Daqui a amanhã o turismo vai todo para a Nazaré ou Santa Cruz, mas agora há mais coisas a fazer do que perder tempo com pormenores.

É só para voltar a pedir que no post abaixo digam os monumentos que conseguem identificar. Porque preciso dessa informação para saber o que hei-de escrever sobre eles. Thanks :)

pequeno guia do património esquecido e ostracizado #0

A acompanhar a mudança de visual para cores um pouco mais femininas, vamos começar um guia que vai enveredar pelos nossos monumentos mais maltratados. Parte da informação e algumas fotos já apareceram noutros posts aqui do sítio, mas como é um assunto pelo qual me interesso bastante e sobre o qual há muito pouca informação, acho que vale a pena libertar aquilo que ao longo do tempo fui aprendendo.

Este guia vai falar muito pouco da história destes sítios porque não sou a pessoa indicada para o fazer. Quem se interessar tem os textos do Prof. Mariano Calado e do Sr. Fernando Engenheiro, onde está grande parte da informação existente. Eu vou dedicar-me sobretudo à relação que a cidade tem estabelecido com o seu património e fazer um balanço do estado atual de cada lugar.

Estes são alguns dos sítios por onde vamos passar:






Conhece-os? Todos? Nenhum? Um ou outro? Quais? Diga na caixa de comentários. A interatividade é uma cena fixe. :)



Hoje é um dia especial para recordar o sofrimento dos presos políticos, tendo grande parte deles (pelo menos 2170) cumprido pena em Peniche.
Como tal, fica aqui o link dos relatos de algumas das fugas que ocorreram nesse período.


No Big Brother Famosos todos são pagos mensalmente. Menos a Carolina Salgado que recebe à hora.

António Raminhos
Hoje podia deixar aqui uma foto do Farol mas em vez disso deixo várias.


Hoje, que é Dia Mundial do Livro, gostaria de vos deixar um conto do meu autor favorito.
Singularidades de um rapariga loira inaugurou o estilo realista, e não sei que poções Eça meteu nele, mas é um conto do caneco. É tão bom que devia pagar imposto.

"Governo cancela as despesas correntes e a Universidade de Lisboa fica sem dinheiro para papel" - Ministro das Finanças aconselha os estudantes universitários a limpar o rabo à Constituição.

João Quadros

bater punho


Entrevista de Miguel Gonçalves ao jornal i.

Este indivíduo tão rapidamente ganhou popularidade como num instante a perdeu. Eu que nunca achei grande piada ao estilo (falar muito e dizer pouco) estou agora rendido à frontalidade do senhor. Não que diga nada de novo, mas diz aquilo que apesar de toda a gente pensar ninguém vem dar o peito às balas. E ainda por cima faz parte do governo. Um aplauso.
Selecionei algumas das coisas que ele disse na entrevista capazes de suscitar ódio e raiva avulso por parte de muita gente (mas não gente de bem, acredito).

Um senhor de 45 anos que trabalhou 25 anos na banca. Só conhece a banca, só trabalhou na banca. Recusa-se a trabalhar em qualquer outro mercado. O que sugiro a essa pessoa é que, ponto número um, consiga perceber de que forma as suas competências podem ser aproveitadas noutro mercado ou, ponto número dois, e porque ainda tem 20 anos de trabalho pela frente, aprenda a fazer outra coisa.

Eu não considero que o problema do desemprego é dos desempregados, estou a dizer é que a solução para o desemprego é dos desempregados. Essa é que é a grande diferença. E, se calhar, pode chocar dizer isto, mas muitos dos que estão desempregados, estão desempregados porque, ponto número um, não querem trabalhar e, ponto número dois, são maus a fazê-lo.

Às vezes, as pessoas pensam que os desempregados são pessoas extraordinariamente focadas, profissionais, rigorosas, cheias de fibra, de atitude e competência. Não são. É mentira.

De repente, sempre que falamos de desemprego, parece que nos esquecemos dos fenómenos das pessoas que vão às empresas pedir para carimbar no IEFP. Essas pessoas existem e são aos milhares.

Não tenho problemas nenhuns em dizer que há muita gente em Portugal que não trabalha porque não quer, porque não sabe trabalhar ou porque não tem as competências necessárias. Não é um mito, é o que eu vejo e me transmitem todos os dias. Mas, ao mesmo tempo, também vejo muitos que vão curar o cancro, há muitos que vão competir com o Google.

Houve até agora duas páginas em Peniche que conseguiram em grande escala cair na graça dos penicheiros: os Amigos de Peniche e o Peniche Online. Fecharam os dois, num espaço de meses, porque a participação das pessoas é uma miséria completa.
Eu também tenho a experiência aqui no meu modesto estaminé que os comentários são poucos e brutos, mas aprendi a não dar importância e vou continuar a não dar. Creio que aquilo que escrevo sobre Peniche tem alguma pertinência e acredito que alguém lá no fundo há-de concordar comigo, nem que seja só a minha mãe.

Agora a verdade é que acho uma pena ser tão mau o feedback que me chega a mim e aos bloggers que já desistiram de dar o seu contributo para a melhoria desta cidade.

Jorge Gonçalves entra na corrida para as autárquicas. O seu grande trunfo é não usufruir de salário uma vez que está aposentado:
A câmara deixaria de pagar o ordenado de presidente e direcionava esse dinheiro para o apoio às pessoas.

Se isto não é demago... honestidade não sei o que é.

Eu não tenho dúvidas, na maior parte das vezes os partidos políticos põem os seus interesses acima dos do país, e creio que o estado em que estão as contas públicas se deve a muito dinheiro em vez de ter sido investido na economia ter ido parar a bolso alheio. Henrique Monteiro afirma: Um desafio importante é saber como nos podemos livrar desta canga.
Mas será que é possível invertermos a situação? Eu começo cada vez mais a achar que não. E a menosprezar profundamente tudo o que envolva o estado ou dinheiros públicos.

Esta cena faz parte do filme que eu deixei aqui no blog.


Será que consegue identificar esta zona da cidade? 
Se não conseguiu, onde acha que podia ficar? No Vila Maria? No Lapadusso? Outro sítio?

A resposta está aqui.

O Adriano Constantino passou-me dois documentários sobre Peniche e arredores. O primeiro deles foi feito pela RTP nos anos 60:


somewhere in russia



meio-baluarte da gamboa: a salvação


Mesmo que a estratégia de começar por fazer todo este barulho para depois dizer que só agora se percebeu que o governo central nunca ia meter dinheiro para a brincadeira (novidades...) possa não ser inocente na altura em que estamos, a verdade é que é uma obra que pela sua falta de visibilidade (mesmo com o executivo a bombardear os media com esta história) não dá votos e está sujeita a uma série de processos burocráticos e de fiscalização que a tornam mais onerosa. Significa que este executivo se preocupa a médio e longo prazo com a cidade e isso é muito positivo.

cartaz cultural #4


Não há condições.

rua antónio da conceição bento



Para mim a evolução da Rua António da Conceição Bento é um fenómeno bastante interessante, pois é exemplificativa da enorme expansão geográfica da área habitacional de Peniche no século XX. De tal forma que esta rua passou por duas completas metamorfoses desde a década de 40 até ao início do novo século.

Nesta foto da década de 40 vemos como toda esta área era preenchida por terrenos agrícolas:


Pouco depois começaram a ser construídas as primeiras moradias, que aparecem no vídeo:


Repare-se a semelhança deste tipo de urbanismo ao verificado atualmente noutras zonas periféricas da cidade, por exemplo na Estrada dos Remédios:


Trata-se, cada uma no seu tempo, de zonas suburbanas para onde vão estrear casas aqueles que saem da casa dos seus pais ou amontoaram o suficiente para construir uma casa à sua medida.

Rapidamente o aumento da população e do seu nível de vida forçou a cidade a expandir as suas fronteiras, o que levou à valorização monetária dos terrenos das redondezas. António de Jesus Lourenço captou em 1983 a transição entre uma fase e outra:


A última alteração nesta rua deu-se em 2003, altura em que foi demolida a casa que aparece à direita na última foto:


E não se arranja um vídeo da demolição com uma música fatela a passar?


Hoje em dia temos de chegar ao fundo da rua para podermos ver o que resta da fase periférica da António da Conceição Bento. No entanto, e apesar da evolução urbanística poder ser um pouco atrasada pela crise que estamos a atravessar, o mais provável é que um dia também estas casas dêem lugar a prédios que tirem mais proveito do valor do terreno onde se situam.


A que é que se deve o estranho caso da Rua António da Conceição Bento, que em 60 anos passou por dois estágios totalmente diferentes? Creio que esta mudança tão súbita está associada ao facto de até meados do século passado haver dois núcleos habitacionais bastante distintos: Peniche de Cima e Peniche de Baixo. E entre eles era terra de ninguém. À medida que as duas partes se foram expandindo, precisaram de encontrar um espaço que lhes pudesse servir a ambas das necessidades comerciais e habitacionais. E assim a Rua António da Conceição Bento passou a ser o centro da povoação em vez da periferia de duas.

die welle


Die Welle é um filme alemão baseado na experiência levada a cabo por Ron Jones com os seus alunos numa escola da Califórnia em 1967. Vendo a dificuldade que os seus alunos tinham em perceber como foi possível ao Partido Nazi reunir um amplo consenso entre a população da Alemanha pré-Segunda Guerra Mundial, Jones decidiu formar com os alunos uma comunidade autocrática, a qual liderou até chegar a resultados bastante impressionantes: ao quarto dia da experiência, os 43 alunos da turma estavam certos de que a comunidade iria instaurar uma nova ordem mundial.

A supressão da inveja que os colegas tinham uns dos outros é das principais razões que os faz prenderem-se e envolverem-se tanto na comunidade. Aqueles que nunca tiveram amigos que os defendessem, colegas que os ajudassem a estudar, dinheiro para gadgets, de repente vêm-se envolvidos num grupo em que tudo é partilhado e todos estão no mesmo nível, e o desejo de ter mais ou ser melhor é substituído pela vontade de fazer o melhor para o grupo.

É algo que tem um enorme reflexo nas nossas vidas, a todos os níveis, desde o nosso comportamento social à nossa participação política. E é a causa de as pessoas serem tão dependentes das outras, do governo, da família, não se mexerem por vontade própria, mesmo que pudessem fazer mais e melhor. 

Li uma vez que o socialismo é tão bem recebido e desejado pois dá miséria para todos em vez de haver uns na miséria e uns poucos acima (mesmo que sejam os melhores). E, o que para mim é mais complicado de perceber, a iniciativa pode vir de cima, porque se todos à sua volta estiverem numa situação, seja ela qual for, o ser humano não ambiciona chegar a uma melhor, mas sentir que é como os outros. Que faz parte.

realidade paralela

Após as conclusões das negociações, o ministro das Finanças do país apresentou a sua demissão ao Presidente, na sequência da criação de uma comissão que vai investigar as causas da crise que se instalou no país.

poços de Peniche

À falta de melhor assunto, até porque já não vou a Peniche há um mês, deixo-vos este mini-documentário filmado por mim e apresentado por um amigo sobre os poços de Peniche e no qual está patente a minha intrépida incursão por um túnel da Fonte do Rosário:


Este filme foi apresentado à população (posso segredar que Tozé o próprio riu-se muito com a piada sobre os turistas) no âmbito do trabalho sobre o Convento do Bom Jesus que apresentei no 12º ano e se veio a revelar bastante infrutífero, como vou passar a revelar numa secção que era para se chamar "debaixo de sombra" mas afinal vai ser o "pequeno guia do património esquecido e ostracizado" (pelo menos até eu arranjar um nome melhor). De qualquer forma antes de a deixar pronta ainda preciso de fazer algumas coisas em Peniche (se virem um tipo a tirar fotos nos vossos quintais não disparem sff), por isso vou mantendo o blog a meio-gás.