uma volta de 360º


Hoje no debate consagrado ao tema "Fortaleza de Peniche: Resistência e Memória", além do Dr. Rui Venâncio participaram 21 pessoas, entre as quais seis (duas de Peniche) da União dos Resistentes Anti-Fascistas Portugueses, eu e o meu pai, e restantes ligadas à entidade organizadora, o MINON (nenhuma de Peniche).
A conversa desenvolveu-se em torno das críticas que o pessoal do MINON teceu ao estado de degradação do museu, que consideram ser dos piores do país, o apelo que o da URAP fez à utilização de todo o espaço da Fortaleza como museu da resistência de âmbito nacional, e da defesa do Dr. Rui Venâncio enquanto responsável pela área cultural da autarquia apoiando-se no parco financiamento de que dispõe mas defendendo as ações que tem desenvolvido. Eu poderia ter intervindo ao apelar para a descontextualização de um museu anti-fascista de grande dimensão em Peniche tendo em conta o perfil do turismo na região (enquadrado dentro da lógica do Oeste), mas não intervim por vários motivos. Em primeiro lugar porque toda a gente, do MINON à URAP, vê um grande potencial na Fortaleza de Peniche, menos os penichenses, que continuam a alhear-se da discussão, e como tal também não poderia ser invocada a vontade de uma população se esta não mostra nenhum interesse participativo. Por outro lado, porque sabia que não há nada que temer da autarquia, que não mostra sinal de planos ou ideologia, como bem ilustra uma frase hoje proferida pelo Dr. Rui Venâncio - "é mais fácil recuperar um convento do século XVII que uma prisão política do século XX". Ora se era fácil recuperar um convento e o nosso foi oportunamente esquecido para não criar entraves à construção de um hipermercado então a recuperação da prisão política será uma tarefa hercúlea que atendendo aos antecedentes será também pouco evocada se o grupo Pestana ou semelhante avançar com capital.

Resumindo, o supostamente segundo lugar com mais potencial turístico do país vai continuar à mercê de grupos obstinados com objetivos sem viabilidade económica e sem força para os levar avante, de técnicos municipais que vão navegando ao sabor da maré e intervêm aqui e ali para justificar a remuneração de que usufruem, e de uma população que tem muita opinião e diz muito mal do surf, mas sente-se confortável a mandar palpites da bancada. Entretanto formas de tirar proveito da projeção que Peniche tem tido nos últimos tempos ou de diminuir a sazonalidade do turismo são coisas que não são para aqui chamadas.

Sem comentários:

Enviar um comentário