Uma moça envia-me um mail atrevido q.b. a pedir que a ajude lendo o seu trabalho, opinando etc. A semana passada era um fulano que pedia que o lesse e, de caminho, ajuda para encontrar editoras. A coincidência dá-se em que ambos abrem dizendo «Li um livro seu» como se dessem volta à chave para a obtenção do tal serviço. Primeiro, não entendem que, ao ler um livro meu, não me estão a fazer um qualquer favor que eu tenha de pagar - se o livro for bom (e é, Deus me perdoe mas os meus livros são bons) - o favor fui eu que o fiz, em escrevê-lo, e o benefício é deles, em lê-lo. Esta ideia MIMADA e PÓS-MODERNA de que os leitores fazem um favor aos autores em lê-los é levada da breca. Lamento, mas comigo a ideia do leitor-cliente não pega. A pessoa quer ler um livro meu? Problema seu. A pessoa não quer ler? Problema também seu. O círculo da bajulação termina à soleira da porta de casa.

Rui Zink

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