good bye, gaspar!

Há duas semanas, Vítor Gaspar telefonou a Passos Coelho a exigir a saída rápida e irrevogável do Governo. O então ministro das Finanças tinha acabado de chegar a casa depois de uma atribulada visita a um supermercado. A história, contada pelo "i", que cita dois ex-membros do Governo, mostra bem que o governante já tinha chegado ao limite.
Gaspar, acompanhado pela mulher, resolveu deslocar-se sem segurança a um supermercado. Ainda que no início as compras tenham decorrido sem sobressaltos, o ministro foi reconhecido, na fila para as caixas, pelos clientes do supermercado, e a situação descontrolou-se. Entre comentários exaltados e insultos, a segurança do estabelecimento foi obrigada a intervir e a escoltar o ministro, sem conseguir evitar cuspidelas insultos e tentativas de agressão.


Eu compreendo mas tenho muita pena que este episódio tenha levado à demissão do ministro das finanças.
Eu gostava bastante de Vitor Gaspar porque havia uma coisa que o distinguia no panorama político atual: tinha um plano bem definido, enquanto os outros andavam à deriva. Vitor Gaspar preocupou-se quase em exclusivo a estabilizar as contas internas. E nisso foi relativamente bem sucedido: voltámos aos mercados e com juros relativamente baixos, sinal de que até à semana passada o exterior tinha voltado a confiar em nós.
Outros ministros, como Paulo Portas e Santos Pereira, o PS, e, com a devida modéstia, eu, teríamos preferido que houvesse menor obsessão pelo défice e houvesse maiores estímulos à economia, desde a diminuição e impostos às indústrias à atribuição de subsídios.
Mas olhando para trás, o défice mesmo com todos os cortes situou-se nos 10 % do PIB, o que mostra a pouca margem de manobra para arranjar verbas neste orçamento sem comprometer a negociação com a Troika e os juros no mercado externo.
Por isso desejo que o próximo ministro nas finanças, a fim de não se ver em situações intimidatórias no supermercado, aumente imediatamente o salário mínimo, os subsídios da segurança social e o investimento público. Numa segunda fase, não haverá supermercados, que tal como o resto da indústria deixariam de ser sustentáveis, e mesmo que fossem, os impostos não deixariam grande margem para consumo interno, mas até lá também pode cair um cometa ou o aquecimento global encher isto tudo de água morna. Pensemos por isso cada coisa a seu tempo.

2 comentários:

  1. "Eu gostava bastante de Vitor Gaspar porque havia uma coisa que o distinguia no panorama político atual: tinha um plano bem definido, enquanto os outros andavam à deriva".

    O Hitler assim como tantos outros políticos e malfeitores também tinha um plano bem definido.

    Os teus argumentos políticos carecem de muito mais sustentação para não serem meras palavras sem conteúdo.
    Já aqui há tempos fizeste uns comentários sobre a política local e foste desarmado com 3 palavres dos comentadores.

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  2. Há diferenças ideológicas que saltam à vista, no entanto elas não dependem de argumentos, mas sim da nossa forma de ser. Eu sustento a minha opinião com a interpretação que dou àquilo que leio, por isso tento sempre referir as fontes, mas procuro sempre mais ser honesto comigo próprio do que suportar a opinião pública.

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